Cheeseheads Brasil Mock #1 – O futuro começa agora!

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QUEIJAS E QUEIJOS!

A temporada da NFL está chegando ao fim, para a nossa tristeza, e longos meses de inverno (literal e figurativamente) se aproximam. Contudo, em meio a crise de abstinência provocada pela falta que o esporte faz, o mês de abril traz consigo um oásis de refrigério em meio a esse deserto que se impõe no caminho do fã do futebol americano. Estamos, evidentemente, falando do Draft, o principal evento da offseason e razão da esperança de milhões de torcedores para os anos que virão. Por isso, a Cheeseheads Brasil, representada por Matheus Pinho, Bruno Oliveira e Henrique Mol, abre alas para o recrutamento e apresenta hoje seu primeiro mock draft. Nas próximas semanas, vários cenários serão imaginados, trocas serão sugeridas e jogadores serão avaliados como solução dos problemas ou criadores de mais confusão. Por ora, eis o board:

Com a primeira escolha geral, o eterno arqui-rival Chicago Bears. Tendo selecionado Justin Fields há apenas dois anos, não há nenhuma razão para que a franquia que originou a NFL decida investir sua pick em um signal caller. Conhecido por suas defesas lendárias (que o digam os Patriots de 1985, amassados pela unidade no Super Bowl daquele ano), o cenário mais provável nos parece ser de que um novo "bebê-urso" se una à alcateia de Illinois. Jalen Carter é conhecido por seu físico insano, sua qualidade no interior da linha defensiva e seu instinto assassino ao perseguir o quarterback adversário, todas características que estão em falta atualmente em Chicago. Esses pontos poderiam tornar Jalen Carter o novo líder de uma franquia especialista em defensores.

Uma das escolhas mais fáceis de se fazer. É bem verdade que Davis Mills segurou razoavelmente bem o rojão que foi comandar o pífio ataque de Houston, mas o jovem quarterback de Stanford jamais chegará ao nível necessário para ser considerado um jogador que tenha condições de ser a estrela de um time. Por outro lado, Bryce Young tem exatamente esse perfil. Ganhador do Heisman Trophy da temporada 2021 e vice-campeão nacional com a Crimson Tide, Young foi o responsável por fazer o time de Alabama ser competitivo em 2022, inclusive vencendo jogos que pareciam perdidos (vide a partida contra a Texas Longhorns em Austin, na qual ele liderou o game winning drive com menos de dois minutos no relógio). Com uma comissão técnica de contrato renovado e um general manager na corda-bamba, é possível que os Texans não tenham outra oportunidade tão clara de reconstruir seu time e precisam se agarrar a ela.

Bryce Young se tornou o primeiro QB da história de Alabama a ganhar o Heisman Trophy

Mais uma escolha extremamente fácil de ser feita. Com Kyler Murray ganhando quase 50 milhões de dólares anuais, os Cardinals não tem nenhum motivo para apostar em um novo quarterback. Porém, a defesa é um enorme calcanhar de Aquiles em Phoenix. A clara inoperância do pass rush dos Red Birds em 2022, aliado ao jogador praticamente perfeito que é Will Anderson Jr tornam essa pick um "no-brainer". Ganhador do Prêmio Bronko Nagurski duas vezes (dado ao melhor defensor universitário da temporada) e considerado o atleta mais esnobado pelo Heisman Trophy nos últimos anos, seu porte físico invejável e habilidade de apressar passes e forçar o general adversário a se livrar da bola cairiam como uma luva em uma equipe que acaba de perder JJ Watt e precisa voltar a ser protagonista na NFL.

Uma escolha praticamente auto-explicativa. Os Colts vêm de quatro anos apostando em quarterbacks free agents que não corresponderam em campo e precisam mudar essa realidade. CJ Stroud seria uma brisa de verão em um ardente vestiário em crise, sem um head coach pra chamar de seu e precisando dar a volta por cima. A franquia de Indianapolis não consegue emplacar um líder pro seu ataque desde Andrew Luck e o jovem prospecto de Ohio State pode ser o expoente que os Potros buscam desde então. Além do mais, Stroud já tem alguma experiência em vencer jogos no estado de Indiana...

CJ Stroud liderou os Buckeyes à vitória contra a Indiana Hoosiers, fora de casa

Eis a primeira discordância entre a equipe. Eu, Matheus, não considero Anthony Richardson um grande quarterback, e sequer o escolheria na primeira rodada. Já Henrique considera o prospecto da Florida Gators um grande protótipo, digno de ser escolhido no Top 5. Depois de grande consideração, decidimos selecionar o atleta para o Seattle Seahawks nessa posição, levando em conta alguns pontos básicos: Primeiro, se Geno Smith liderou a franquia da Terra do Grunge aos playoffs, Richardson poderia fazer ainda melhor, caso Pete Carroll consiga extrair o que ele tem de melhor. Em segundo plano, essa escolha veio "de graça" para os Seahawks, haja vista ter sido recebida na troca com o Denver Broncos por Russell Wilson, o que torna um "overpaid" mais digerível. E por fim, Richardson demonstrou em seu tempo em Gainesville que pode ser uma grande ameaça terrestre, assim como foi o antigo dono da camisa três. Portanto, com uma escolha recebida como moeda de troca e um jogador que pode emular um sistema de jogo que deu aos Seahawks seu único título de Super Bowl, entendemos que a aposta, apesar de arriscada, é válida.

O conceito é praticamente idêntico ao da pick anterior. Os Lions tem a sexta escolha geral devido à troca que levou Matt Stafford para os Rams, e contam com Jared Goff como seu signal caller. O contrato do jogador possui um dead cap considerável e trocá-lo não parece uma opção plausível. Por outro lado, os Lions possuem um ataque bem estruturado, cheio de jogadores promissores como Amon-Ra St. Brown, Jameson Williams e DJ Chark, além da estrela DeAndre Swift e do sempre prolífico Jamaal Williams. Deixar Levis na reserva por um ano, aprimorando suas habilidades enquanto o contrato de Goff se esvai e só então apostar no garoto do Kentucky nos parece um plano inteligente. Levis já mostrou no college football que tem uma boa capacidade de aprendizado, e inegavelmente se beneficiaria de não sofrer a pressão de precisar ser o titular de imediato.

Que os Raiders são mestres em escolhas duvidosas, ninguém discorda. De Alex Leatherwood a Damon Arnette, a franquia sediada em Vegas vem fazendo jus aos cassinos e perdendo muito que ganhando em suas apostas. Porém, Tyree Wilson seria um caça-níquel com alto potencial de retorno e baixa periculosidade. Maxx Crosby é o pilar que sustenta essa defesa, mas "uma andorinha só não faz verão". Os Raiders precisam dar um companheiro para sua super estrela poder dividir a responsabilidade e a marcação. Dono de sete sacks e um fumble forçado em doze partidas na temporada 2022 do futebol americano universitário, Wilson pode devolver à equipe de Las Vegas o que foi perdido na saída de Khalil Mack, e potencialmente ajudar quem quer que seja o novo quarterback da equipe a ter sucesso instantâneo.

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Um time que tem o falcão como mascote precisa mostrar agressividade aérea, certo? Pois muito bem! É por isso que Joey Porter Jr, que na minha opinião é o melhor cornerback da classe, precisa ser escolhido por Atlanta. Marcador inato e filho de um dos grandes linebackers dos anos 2000, campeão do Super Bowl com os Steelers, esse jovem de Penn State parece ter herdado os genes agressivos de seu pai. Maior nome da secundária dos Nittany Lions nos últimos dois anos, Porter Jr deu pesadelos a alguns dos principais recebedores da Big Ten e foi fundamental em diversas vitórias da equipe da Pennsylvania. Com Desmond Ridder demonstrando evolução a cada partida, Drake London se adaptando bem à liga e Kyle Pitts sendo a arma que tanto se espera, os Falcons podem voltar a ser competitivos em 2023 se conseguirem fazer sua defesa ceder menos pontos, e isso passa diretamente por escolher sabiamente um defensive back que ajude Casey Hayward e AJ Terrell.

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Joey Porter Jr: talento que vêm de berço

A defesa da Iowa Hawkeyes tem estado entre as melhores do país em praticamente todos os anos e chegou a carregar um ataque patético ao vice-campeonato da Big Ten em 2021. Por isso, não é de se surpreender que haja um nome de Des Moines entre os principais prospectos do Draft. Lukas Van Ness é o típico pass rusher de Big Ten: nome estranho, ascendência europeia, corpo de viking e força descomunal. Responsável por 43 pressões, 6 QB hits e 8 sacks em doze jogos na temporada passada, não é difícil entender os motivos que fazem o Carolina Panthers necessitar desse atleta. Com Matt Corral ainda se recuperando de lesão e com Christian McCaffrey sendo trocado, a equipe não tende a brigar na parte de cima da classificação, mas pode e deve começar a cimentar o caminho para os próximos anos. Caso Brian Burns decida ficar em Charlotte, Van Ness pode ser a dupla infernal que irá assombrar os quarterbacks da NFC South. Caso Burns decida sair, essa escolha se torna ainda mais fundamental para tentar replicar o atual esquema de jogo.

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Não é todo dia que vemos um time de Super Bowl draftar no Top 10, e é por isso que os Eagles precisam ser extremamente cuidadosos com o nome que será anunciado por Roger Goodell no palco. Um ataque jovem, talentoso e encaixado trouxe as águias da Philadelphia até o grande show, e pode repetir a dose. Mas, em uma NFL cada vez mais aérea e com quarterbacks mais dominantes, sempre é importante fortalecer seu esquadrão anti-passe. Darius Slay e James Bradberry podem até ter dado contra do recado em 2022, mas certamente adorariam ter a ajuda de um "carrapato" como Smith. Especialista em "colar" no recebedor durante a rota, o jogador foi uma das principais armas da South Carolina Gamecocks para a virada formidável que o programa teve na segunda metade da temporada universitária, com direito a vitórias surpreendentes sobre Tennessee Volunteers e Clemson Tigers que valeram a entrada no ranking nacional para o orgulho de Columbia. Não está proibido sonhar com voos ainda mais altos e distantes dessa águia!

Take me to Paris! É isso que o torcedor dos Titans deve estar pensando nesse momento. Paris Johnson Jr é um tackle que se encaixaria perfeitamente na franquia de Nashville. Seu trabalho protegendo CJ Stroud e abrindo espaço para o jogo terrestre de TreVeyon Henderson, Miyan Williams e Master Teague dão uma mostra do que o atleta poderia fazer por Mike Vrabel e seus comandados, haja vista o esquema de jogo voltado para o avatar Derrick Henry e a perene necessidade de dar tempo para Ryan Tannehill, um quarterback que não é conhecido por sua rápida soltura da bola.

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Depois de escolher Bryce Young, Houston teria o dever de lhe dar armas. John Metchie está voltando ao futebol americano depois do tratamento contra a leucemia, mas ele e Brandin Cooks não podem dividir toda a responsabilidade do jogo aéreo dos Texans. Um dos recebedores mais prolíficos do college football nos últimos dois anos, Jordan Addison foi responsável direto pela temporada fantástica de Kenny Pickett em 2021, que valeu ao ex-companheiro a confiança do Pittsburgh Steelers. Transferido para USC e tendo embarcado no hype train de Lincoln Riley, ele se mostrou um substituto à altura para Drake London, draftado pelos Falcons, e mais uma vez foi importante para o burburinho que seu quarterback recebeu - afinal, Caleb Williams não ganhou o Heisman Trophy apenas por seu talento correndo com a bola. Um wide receiver praticamente pronto com enorme potencial é tudo que um treinador pode pedir para começar a planejar o futuro da equipe.

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Neto de Bob Skoronski, campeão da NFL cinco vezes com os Packers de Vince Lombardi e Bart Starr e membro do hall da fama da franquia, Peter joga na mesma posição do avô e parece ter herdado o talento nos seus genes. Meu offensive lineman preferido da classe, tive a oportunidade de narrar quatro partidas desse prospecto de Northwestern desde que ele assumiu a titularidade dos Wildcats em 2020 quando Rashawn Slater optou por não atuar na temporada encurtada devido ao COVID e se declarou para o Draft. Mesmo como freshman foi peça fundamental da melhor campanha da universidade nos últimos anos, chegando até a final da Big Ten, e tem sido um oásis técnico em um time que não consegue disputar com os gigantes da região em matéria de recrutamento. Jogador com inteligência de jogo acima da média, Skoronski poderia começar a solucionar o problema crônico da franquia de New Jersey na trincheira de ataque e formar uma respeitável dupla com Alijah Vera-Tucker, ainda mais considerando que os Jets devem buscar um quarterback mais experiente e menos móvel (cof cof Aaron Rodgers).

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Peter Skoronski sendo parabenizado pelo avô consagrado depois de um jogo no high school

Uma escolha praticamente auto-explicativa. Recruta cinco estrelas ao sair do ensino médio e bi-campeão nacional com os Bulldogs, Broderick Jones poderia ser o maior "brother" de Mac Jones (ok, essa foi terrível) e lhe dar um imprescindível respiro no pocket. Extremamente atlético, Jones também jogava basquete nos seus tempos de colegial e tem a agressividade do futebol americano mesclada à "finesse" do jogo da bola laranja. Em uma equipe que está tão desesperada por proteger seu signal caller que escolhe Cole Strange na primeira rodada, Jones se mostraria uma pérola bruta. É bem verdade que ele apresenta algumas falhas técnicas em alguns snaps, mas nada que não possa ser corrigido por Bill Belichick. E convenhamos: se tem algo que Tio Bill adora fazer é desenvolver um jogador que tinha falhas apontadas pelos analistas (né Tom Brady?)

Chegamos ao momento que todos estavam esperando! Com a décima quinta escolha geral do Draft de 2023 da NFL, A Cheeseheads Brasil seleciona... Brian Branch, safety, Alabama. O melhor jogador da posição nesse board, sem a menor sombra de dúvidas, Branch foi fundamental para estancar o sangramento que foi a defesa aérea da Crimson Tide nos dois anos anteriores. Jogando ao lado de Jordan Battle, contribuiu de forma direta para que Bama conseguisse desbancar a futura campeã nacional Georgia na final da SEC de 2021 e garantisse a vaga para os playoffs nacionais. Extremamente versátil, já alinhou como strong safety, free safety, linebacker e nickel, se provando um coringa defensivo tão necessário na Titletown atualmente. Tackleador inato e dono de um instinto "assassino" (não do tipo Quay Walker, vale destacar), ele não tem medo de contato e de partir pra cima do jogador com a posse da bola. Excelente leitor de jogo e dos olhos do quarterback, Branch também teve passes defletados e interceptações em sua carreira universitária. Em um time que conta com Darnell Savage, Rudy Ford e Adrian Amos, Brian Branch seria um nome importante na rotação já como rookie, enquanto evolui ainda mais alguns aspectos do seu jogo, como a marcação individual, e é possível vislumbar adversários pensando "Droga, é o Brian" quando o virem em campo.

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A saga Velozes & Furiosos pode ter profetizado o sentimento dos rivais ao verem esse safety na secundária da equipe verde e ouro

Witherspoon é a terceira pick em defensive backs, e recém estamos na metade da primeira rodada. Senior de Illinois, ele precisou superar todas as adversidades para chegar bem ranqueado nesse Draft. Jogador que sequer recebeu avaliação como prospecto ao sair do ensino médio, acabou ficando catalogado como zero estrelas e viu nos Fighting Illini a chance de brilhar. Dito e feito. Em doze partidas com a camisa de um dos times mais fracos da Big Ten, ele se mostrou o cornerback dos sonhos de qualquer general manager. Foram 32 tackles, 3 interceptações e cedeu um INACREDITÁVEL rating de 24.6 aos passadores oponentes. Pesa contra ele o fato de ter sido nada mais que mediano nos três anos iniciais no futebol americano universitário, mas a produção de 2022 o credita a chegar com status de grande promessa na liga.

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Mais uma escolha que ficou longe de ser unânime. Na minha opinião, Gonzalez não é nem jogador de primeira rodada, devido a erros claros que ele comete quando se apresenta em zona, sua falta de percepção e antevisão de jogadas e a facilidade que cai em double moves. Porém, para Henrique Mol, seus pontos fortes suplantam suas dificuldades e o colocam como um diamante bruto e uma aposta válida no primeiro dia. Extremamente veloz e dono de um porte físico praticamente ideal para a posição, suas virtudes incluem a rapidez na recuperação e a capacidade de sair em vantagem em bolas disputadas pelo ar. Otimo tackleador, é uma aposta ousada, mas que pode dar resultado se a comissão técnica souber o lapidar e o evoluir.

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Ok, eu sei que vocês estão pensando que nós endoidamos ao escolher um tight end no top 20. Mas, permita-me argumentar. Como eu já citei anteriormente, os Lions tem um time recheado de jovens promissores no seu ataque, mas perdeu TJ Hockenson, trocado para os Vikings. Em um time comandado por Jared Goff, um quarterback que sempre usou muito os tight ends no jogo aéreo e que tinha Hockenson como um alvo prolífico no slot, contar com Mayer significaria dar mais uma válvula de escape em um ataque que melhora a cada temporada e pode sonhar em voltar à pós-temporada. Mayer é indicustivelmente o melhor jogador da posição nessa classe e recebeu o apelido de Baby Gronk em seus anos em South Bend. E como se não bastasse a habilidade de receber passes, ele ainda é o tight end que melhor bloqueia entre os disponíveis nesse recrutamento. Em resumo: é um jogador perfeito para uma equipe que alia o seu jogo terrestre excelente a uma produção aérea convincente.

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"A sensação que me dá é que os Buccs ganharam o Super Bowl e pensaram que podiam draftar no modo aleatório nos anos seguintes". Essas foram as palavras usadas por Bruno Oliveira para justificar essa escolha. Depois de ter um front composto por Ndamukong Suh, Jason Pierre-Paul, Devin White, Lavonte David e Shaquil Barrett, os piratas de Tampa Bay podem ter pensado que a solidez defensiva seria eterna. Não foi. Muitos dos campeões da NFL não estão mais no oeste da Florida e uma renovação é primordial para uma franquia que precisa repensar seu futuro - que será sem Tom Brady. Murphy é muito atlético, usa bem as mãos e é conhecido por sua habilidade ao parar o jogo terrestre, um dos calcanhares de Aquiles da franquia de Tampa em 2022.

ZERO SACKS EM QUATRO ANOS. Esse é o cartão de visitas de O'Cyrus Torrence. Depois de começar a carreira na Universidade da Louisiana como left guard, ele transicionou para o lado direito em 2020 e mostrou toda a sua categoria na proteção ao quarterback. Com Torrence na contenção, seus passadores sofreram apenas vinte e quatro hurries e UM QB hit em 3065 snaps. Em um time liderado por um passador que não é conhecido por se livrar de pressões, O'Cyrus teria impacto imediato. Mais que isso: em um cenário onde supomos que os Seahawks poderiam ir atrás de Anthony Richardson, selecionar Torrence geraria um entrosamento instantâneo da linha ofensiva com o signal caller, haja vista que ambos estavam nos Gators em 2022 e começaria a solucionar um problema que atormenta a Terra do Grunge desde os tempos de Russell Wilson.

O'Cyrus Torrence protegendo Anthony Richardson de dois defensores de Missouri

Abram alas para a profusão de wide receivers! O primeiro deles é Quentin Johnston, vice-campeão nacional com a TCU Horned Frogs. Exímio corredor de rotas, o recebedor se caracterizou por sua qualidade na abertura de espaço e criação de separação, além de ser dono de mãos seguras e confiáveis. Ao lado de Max Duggan, Johnston foi protagonista da maior Cinderella do Século XXI no college football, liderando um time não-ranqueado à decisão nacional e fazendo um jogo acima da média na semifinal contra a favorita Michigan Wolverines. Num time que tem Justin Herbert e seu canhão no lugar do braço, a adição desse alvo poderia tornar o ataque aéreo da franquia hollywoodiana algo cinematográfico. Imagine o filme de terror para o defensor que teria que enfrentar Keenan Allen, Mike Williams e Quentin Johnston alinhados juntos...

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Quentin Johnston era considerado o terceiro melhor wide receiver do estado do Texas quando saiu do ensino médio; o segundo era Smith-Njigba. Depois de assinar com uma Ohio State Buckeyes que contava com Chris Olave (New Orleans Saints) e Garrett Wilson (New York Jets), ele precisou esperar sua chance chegar. E meu amigo, quando ela chegou, ele deu show. Aproveitando que os companheiros decidiram não atuar no Rose Bowl para se preparar para o Draft, Smith-Njigba chamou a responsabilidade e colocou o jogo no bolso. Quinze recepções, 347 jardas totais e três touchdowns na difícil vitória por 48x45 contra a Utah Utes, campeã da PAC-12. A atuação histórica colocava o atleta no radar dos maiores nomes de 2022, e com justiça. Porém, uma lesão o limitou a atuar em apenas três partidas no último ano. A falta de Smith-Njigba forçou Marvin Harrison Jr e Emeka Egbuka a assumirem ainda mais carga de jogo, e é fácil ficar imaginando o que poderia ter acontecido nos playoffs nacionais se ambos os jogadores estivessem 100% para enfrentar a maravilhosa defesa de Georgia. Tendo gerado um rating de 141.8 ao seu quarterback quando acionado (!!!!!) e com experiência de sobra como slot receiver, o recordista de jardas recebidas em única temporada na história da Big Ten alavancaria o nível do ataque aéreo dos Ravens e desafogaria Mark Andrews, propiciando uma segunda leitura de enorme qualidade para Lamar Jackson (ou quem quer que seja o quarterback de Baltimore em 2023).

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Se você meu caro co-cheesehead já sofre com Justin Jefferson, espere até ver o que Zay Flowers é capaz de fazer nesse time! De longe o melhor jogador do programa da Boston College Eagles, Flowers salvava o quarterback Phil Jurkovec de passar ainda mais vergonha. Um adepto ferrenho da estratégia "JOGA PRO ALTO E REZA", Jurkovec flertava com interceptações em inúmeros passes, e era salvo de forma miraculosa por Flowers. Corredor de rota excelente, esse recebedor sabe fazer de tudo. Aprofunda o campo de maneira virtuosa, parece ter cola em suas luvas e foge dos tackles como se sua vida dependesse disso. A habilidade de escapar de ser derrubado é tamanha que lhe rendeu o apelido de The Human Joystick", e o vídeo abaixo dá uma ideia do motivo. Aliás, Bruno e eu transmitimos no canal do College Football Brasil essa partida entre Boston College e Rutgers, ainda no começo da temporada 2022 do futebol americano universitário, e ficamos legitimamente assustados com o desempenho de Flowers. Mesmo considerado baixo e franzino para atuar no outside, ele compensava em campo o que lhe faltou de estatura. Num Minnesota Vikings que depende de Jefferson para tudo, dada a queda vertiginosa de desempenho de Adam Thielen, Zay Flowers traria mais que uma opção de alvo para Kirk Cousins: ele traria o pavor aos rostos dos seus marcadores.

Bruno Oliveira e eu narramos a atuação de mestre de Zay Flowers contra Rutgers no ano passado

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Ninguém esperava os Jaguars nos playoffs - talvez nem o próprio Jaguars. Mas o fato é que Jacksonville chegou lá, e isso se deve diretamente ao trabalho de Doug Pederson e a evolução demonstrada por Trevor Lawrence. E o futuro é promissor, já que a maior parte do elenco estará de volta no próximo ano. Porém, Evan Engram não deverá ser um desses. O experiente tight end assinou contrato por apenas uma temporada e tem um custo maior que um atleta oriundo do recrutamento, por razões óbvias. Kincaid pode não ter o mesmo pedigree de Michael Mayer, mas é um recebedor inato - inclusive, lembra Kyle Pitts nesse ponto. É o protótipo de tight end que tem "nojinho" de tackle, mas é uma ameaça gigante para as defesas. Conhecendo Doug Pederson, que poderia tentar emular o mesmo esquema tático do Eagles de 2017, Kincaid teria impacto similar ao de Zach Ertz, ainda que com características bem distintas.

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Não, nós não somos haters de linebackers. Will Anderson Jr e Tyree Wilson são dois exemplos de linebackers híbridos selecionados no top 7 desse mock, mas que têm suas características linkadas com EDGEs. Campbell é o primeiro linebacker de fato a aparecer na lista, e é o jogador clássico da posição: sua especialidade é atirar o corredor no chão. Utilizado com sucesso em blitzes na Iowa Hawkeyes, tem como grande virtude o fato de fixar o olhar no backfield e suas movimentações, haja o que houver, e atacar quem quer que esteja naquele local. Não espere sacks ou dezenas de pressões pra cima do quarterback, mas é uma opção válida para o box, especialmente na contenção terrestre. Em um Giants que conta com Kayvon Thibodeaux como principal apressador de passes, o garoto de Cedar Falls viria para derrubar oponentes (ok, essa também foi terrível).

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Depois de ter sido pouco aproveitado na LSU campeã nacional de Joe Burrow, Ja'Marr Chase, Clyde Edwards-Helaire e Justin Jefferson, Ika decidiu se transferir para Baylor e buscar mais oportunidades. E essa decisão não poderia ter sido melhor! O jogador se tornou um dos grandes destaques da histórica campanha dos Bears que culminou no título da Big 12 em 2021, derrubando as franco favoritas Oklahoma Sooners e Oklahoma State Cowboys no caminho. Ika tem características do "estilo Cowboys" de defensor - agressivo e instintivo por natureza, e certamente seria uma adição de valor para uma unidade que já conta com a estrela Micah Parsons e os importantes DeMarcus Lawrence, Osa Odighizuwa, Dante Fowler e Leighton Vander Esch.

Um pass rusher que tem a velocidade de um cornerback, experiência como linebacker e flexibilidade de posicionamento na linha defensiva. Esse é Nolan Smith, bi-campeão nacional como titular da Georgia Bulldogs e mais um orgulhoso produto da fábrica de Kirby Smart. Extremamente atlético e físico, Smith se destacou especialmente por sua habilidade contra o jogo terrestre e na cobertura aos companheiros devido à sua aguçada leitura do lance. Exímio gerador de pressões, tem tudo pra se tornar uma carta coringa nas mãos de qualquer head coach. Pesa contra esse jogador o fato de não converter tantos hurries em sacks, mas quem melhor para ajudar nessa evolução que Von Miller? Com um time já especial sob sua batuta, Sean McDermott tem a chance de pensar no futuro sem esquecer do presente.

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Não precisa nem explicar essa escolha. Joe Burrow é mágico e já produz milagres a cada semana para evitar sacks e pancadas mais fortes, e proteger o quarterback PRECISA ser a prioridade número um de Cincinnati. Depois de uma boa temporada como left tackle em 2021, cedendo apenas três sacks e um QB hit em 922 snaps, Wright fez jus a seu nome e foi jogar de right tackle, algo que se mostrou uma decisão correta (leia-se "the right decision"). No lado direito da proteção de Hendon Hooker e Joe Milton, ele foi capaz de superar a si mesmo e cedeu apenas cinco pressões, um hit e nenhum sack na temporada 2022, algo essencial para um time formado com foco no jogo de passes e no aprofundamento do campo via lançamentos longos. Sem precisar se preocupar com defensores na sua cola, Hooker fez chover e levou os Volunteers a sua melhor temporada em mais de uma década, e Darnell Wright foi fundamental para o feito. Se os Bengals continuarem negligenciando a linha ofensiva, podem acabar sofrendo o que aconteceu com Andrew Luck e os Colts, algo que ninguém gostaria de ver se repetir.

Apesar de ter sofrido uma lesão no ligamento cruzado anterior (o famigerado ACL), Bresee é uma aposta com baixo risco e alto potencial. Defensive lineman versátil e polivalente, ele é capaz de ler bem o lance e entender onde e com quem está a bola, lhe dando valiosas frações de segundos para se dirigir ao adversário. Praticamente perfeito na contenção terrestre e possuindo boa penetração na linha ofensiva ao buscar o quarterback, o ACC Rookie of The Year de 2020 foi fundamental para que Clemson garantisse a vaga em um New Year's Six esse ano. Atuando mais como pass rusher em 2022, Bresee foi responsável por 21 pressões, 11 apressamentos, 4 hits e 2 sacks em nove jogos. Em um New Orleans Saints que tem os principais nomes da defesa já com idade mais avançada, um sopro de frescor seria vital e poderia trazer de volta os bons ventos dos anos de Drew Brees e companhia.

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O que um time praticamente perfeito pode querer? A resposta é óbvia: continuar se aperfeiçoando ainda mais. É é sob esse cenário que fechamos esse mock com Bijan Robinson. Principal nome da Texas Longhorns nos últimos dois anos, o running back estava entre os maiores candidatos ao Heisman Trophy e tornaria esse ataque ainda mais formidável. Em um Eagles que tem o regular Miles Sanders e o instável Boston Scott como comandante do backfield, selecionar Robinson seria como trocar um VW Gol por um Audi A3. Aliás, vale destacar que ambos serão free agents, e uma renovação não parece um cenário interessante para o time da Pennsylvania. Jogador de grande velocidade, faria as águias "voarem baixo", por assim dizer.

Bijan Robinson deixando o defensor pra trás: algo que poderíamos ver com frequência na Philadelphia

Produto da fábrica de offensive linemen pro bowlers que os Sooners construíram em Norman, Harrison é praticamente perfeito. Além de abrir excelentes gaps para o jogo terrestre liderado por Eric Gray, o offensive tackle cedeu apenas quatro sacks em três anos no college football, sendo responsável por proteger nomes como Caleb Williams, Spencer Rattler, Nick Evers e Dillon Gabriel. Em um ataque conturbado e com mudanças drásticas de signal caller nos últimos dois anos, Harrison se mostrou uma das poucas certezas da equipe. As constantes alterações de quarterback, porém, podem ter causado um de seus principais defeitos: a hesitação em alguns momentos. O time que lhe escolher terá de trabalhar para corrigir esse problema que em nada tira seu brilho como prospecto. Aliás, qual cenário poderia ser melhor que se desenvolver em um time azeitado, que acaba de ter sido campeão? Tendo o maior nome da NFL atual, Patrick Mahomes, os Chiefs precisam dar-lhe condições de trabalhar em paz, sem se preocupar tanto com os edges adversários, e Harrison daria conta dessa demanda com louvor.

Patrick Mahomes fez mágica, como sempre, e liderou os Chiefs a segunda conquista de Super Bowl em menos de cinco anos

Observação: Se você sentiu falta da escolha número 32, vale a explicação: O Miami Dolphins perdeu o direito de selecionar na primeira rodada desse ano devido ao escândalo de supostamente ter ordenado a Brian Flores que perdesse jogos de propósito. Além disso, a investigação da NFL também acusou a franquia da Florida de ter pago a comissão técnica para ser mais "receptiva" a ideia do "tank". Além de ter essa pick removida, os Dolphins também não poderão escolher um prospecto na terceira rodada do ano que vem, e o dono da franquia, Arthur Ross, ficou impedido por meses de frequentar as dependências do clube e atuar de forma ativa na equipe.

E assim fechamos esse primeiro exercício de previsão do Draft! Não deixe de comentar o que você concorda, discorda ou considera que pode ser diferente do que foi apresentado no texto, e se a escolha de Brian Branch lhe satisfaria. Até a próxima e Go, Pack, Go!

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