
No último domingo, a defesa dos Packers não conseguiu parar Baker Mayfield, e o Lambeau Field testemunhou algo inédito: um quarterback visitante saindo com um rating perfeito. Mayfield lançou para quatro touchdowns, 381 jardas e terminou com uma porcentagem de 78.6 de passes completos.
Desde o início de 2022, a defesa dos Packers tem sido um quebra-cabeça difícil de decifrar. Quarterbacks como Daniel Jones, Taylor Heinicke, Ryan Tannehill, Desmond Ridder, Kenny Pickett, Tommy DeVito e, mais recentemente, Baker Mayfield, encontraram em Green Bay uma espécie de playground para performances acima da média. É desconcertante ver como esses jogadores, que talvez não se destacem como as superestrelas da liga, conseguem desmantelar a defesa dos Packers. Por outro lado, quando enfrentam ataques teoricamente mais explosivos, como os dos Chiefs e Lions, os Packers conseguem se impor.
O esquema defensivo de Joe Barry, baseado na filosofia "dobrar, mas não quebrar", mostra sinais de obsolescência. Embora o objetivo seja segurar o adversário na red zone, a realidade é que os Packers estão consistentemente permitindo grandes ganhos em jardas. A marca registrada de jogar em zona tem resultado em cenários preocupantes, com recebores adversários frequentemente encontrando espaços no meio do campo. Em situações cruciais, os safeties são vistos alinhando-se a uma distância considerável em segundas e terceiras descidas curtas.
Joe Barry enfrenta muitas dificuldades em fazer ajustes ao longo dos jogos, deixando sua defesa vulnerável a explorações adversárias. No confronto contra o Tampa Bay, ficou evidente a falta de um plano efetivo para contrapor as adaptações do adversário. De'Vondre Campbell e Quay Walker, por exemplo, foram muitas vezes deixados na difícil tarefa de marcar wide receivers no meio do campo, enquanto membros da secundária eram designados para tight ends e running backs.
A situação dos Packers se torna ainda mais crítica quando se considera a ausência de seu principal jogador na secundária, juntamente com a presença de um novato atuando como titular e Eric Stokes retornando de lesão. Com linebackers sobrecarregados de responsabilidades e um plano de jogo que parece cada vez mais ultrapassado e ineficaz, a combinação é praticamente uma receita para o desastre.
A filosofia defensiva dos Packers é especialmente eficaz na red zone, onde a ameaça da big play é praticamente nula. Dentro dessa área mais compacta do campo, as opções são mais restritas. O pass rush dos Packers, geralmente, consegue fazer um bom trabalho nessas situações, seja forçando sacks ou passes incompletos.
O problema central reside na abordagem de Joe Barry, que insiste em aplicar a filosofia "bend but don't break" de forma indiscriminada contra todos os quarterbacks da NFL. Enquanto essa estratégia faz sentido contra ataques aéreos poderosos, orna-se um erro crucial ao aplicá-la contra quarterbacks menos eficientes. Como já destacado, a defesa dos Packers permitiu notáveis performances de passadores menos talentosos, uma vez que Barry se recusa a adaptar o plano de jogo. Contra ataques aéreos menos eficientes, a chave seria lotar o box, dada a fragilidade da defesa dos Packers contra o jogo terrestre, e pressionar o quarterback adversário a vencer pelo braço. A relutância de Barry em adotar essa postura proporciona conforto aos passadores menos habilidosos dentro do pocket, permitindo-lhes estabelecer um ritmo prejudicial à defesa dos Packers.
Embora uma parcela significativa do problema defensivo dos Packers seja atribuível ao esquema, não se pode ignorar a queda de desempenho de jogadores-chave. A regressão de De'Vondre Campbell, a inconsistência de Darnell Savage, que não justifica uma escolha de primeira rodada, e o desempenho aquém do esperado de Jaire Alexander antes da lesão. Se um jogador está abaixo do padrão, pode ser um contratempo isolado, mas quando vários atletas não atingem o nível esperado, a responsabilidade recai sobre quem comanda a unidade.
A incerteza paira sobre o futuro de Joe Barry em Green Bay, já que sua continuidade como coordenador defensivo dos Packers na próxima temporada permanece indefinida. Para garantir sua permanência, Barry não tem mais espaço para erros e precisa demonstrar disposição para fazer ajustes ao longo dos últimos três jogos da temporada. Em um cenário dinâmico como a NFL, onde as estratégias evoluem constantemente, a estagnação de Barry em sua abordagem poderia resultar na busca por um novo coordenador defensivo em Green Bay. A capacidade de adaptação tornou-se imperativa, e a falta dela pode significar o fim da era de Barry nos Packers.
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