Recebi a difícil missão de fazer o texto inaugural do site do Cheeseheads Brasil. Assim como praticamente qualquer torcedor e amante de NFL no país, tenho algum tipo de relação com os Packers. Afinal, em qualquer esporte, você sempre resguarda algum sentimento sobre o time que mais venceu títulos na história.
No dia 3 de dezembro de 2015, a Semana 13 da NFL começava, colocando o Packers (7-4) diante do rival de divisão Detroit Lions (4-7) no Ford Field Stadium. Como acontecia toda quinta-feira, reuní dois grandes amigos e sentamos para ver um belo clássico com um tempero extra: um deles é torcedor do Chicago Bears.
Como era esperado, ele passou os 30 minutos anteriores ao início da partida tentando nos convencer de que a franquia de Green Bay não merecia todo hype que recebia, e que, naquela noite, seria o início do declínio de um dos maiores quarterbacks da história. Segundos antes do kickoff, arriscou uma improvável vitória dos Lions por 20 pontos.
Lembro de ter brincado com ele, dizendo que "com emoção, é muito melhor", então uma vitória por 20 pontos não seria interessante de assistir. Como qualquer rival, ele retrucou algum xingamento e passou a torcer mais até que alguns torcedores de Detroit.
O início da partida deu a impressão de que ele estava certo: no final do primeiro quarto, Eric Ebron e o lendário Calvin "Megatron" Johnson tinham entrado na end zone, Aaron Rodgers havia lançado uma interceptação e os Lions venciam por 17 a 0.
Na volta do halftime, outro field goal de Prater parecia colocar fim às esperanças do torcedor mais confiante de Green Bay. Eu olhava para o lado e via um amigo perdido em meio a tantas risadas. Lembro de ver esse sorriso desaparecer quando os Packers anotaram seu primeiro touchdown.
A expressão de evidente preocupação não veio por conta dos sete pontos anotados, mas pela forma como isto aconteceu. A sorte parecia mudar de lado quando James Starks sofreu um fumble que, por incrível que pareça, foi recuperado por Randall Cobb dentro da end zone adversária. Ao escutar um sonoro palavrão, virei pro lado e lembrei "com emoção, é muito melhor".
A confiança do "torcedor dos Lions" ao meu lado se renovou mesmo após Davante Adams anotar mais um TD, porque Prater acertou seu field goal e, faltando menos de quatro minutos, os Lions venciam por nove pontos.
Como qualquer líder de qualidade, Rodgers chamou a responsabilidade para si e correu 17 jardas até a endzone. A diferença era apenas de dois pontos e eu estava certo: com emoção é muito melhor.
Lembro de ouvir ele comemorar a vitória dos Lions quando o relógio zerou. Contudo, ele não tinha visto Devin Taylor cometer uma falta de facemask contra Rodgers, dando direito a mais uma jogada, mesmo após o cronômetro zerado.
O lance seguinte foi absolutamente épico, capaz de emocionar até mesmo um torcedor dos Bears que tentava encontrar algo para quebrar dentro de casa. A Hail Mary de 61 jardas está, com certeza, entre uma das jogadas mais marcantes da década. Um pouco antes de ir embora, ele me implorou para nunca mais pedir emoção em uma partida de Green Bay.
O Miracle in Motown ficou marcado na história de muitos torcedores, e mostra o porquê esse esporte e esse time são tão únicos.
Assim como aquele jogo inesquecível, nós, do CHBr, queremos trazer emoção, traduzir em palavras as lágrimas de quem viu esta Hail Mary, a risada de quem viu o Presidente Barack Obama "se desculpar" com Charles Woodson, o sopro que ajudava Jordy Nelson ganhar dos defensores em cada rota longa, o grito de euforia em cada sack de Clay Matthews.
Sejam muito bem-vindos, aqui também é a casa de vocês. Esperamos que, de hoje em diante, toda vez que entrarem e se depararem com análises, opiniões, notícias, vocês entendam o que nos move e concordem que, ao final, com emoção é muito melhor.
(Foto: Reprodução Twitter Oficial/Green Bay Packers)
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