Ex quarterback do Green Bay Packers, Brett Favre está devolvendo US$ 1,1 milhão em dinheiro que veio do estado, recebidos por vários discursos nos quais ele nunca apareceu para apresentá-los, segundo o auditor do estado de Mississippi.
O auditor Shad White disse que seu escritório já recebeu US$ 500 mil de Favre. Além disso Favre se comprometeu a pagar os US$ 600 mil restantes nos próximos meses.
O esforço de Favre para reembolsar esse dinheiro se dá dois dias depois de White ter lançado a auditoria de gastos do Departamento de Serviços Humanos de Mississippi. Nessa auditoria, era possível ver que Favre foi pago pelo Centro Educacional da Comunidade de Mississippi, um grupo sem fins lucrativos cujo antigo líder foi indiciado em um esquema de peculato social.
O estado de Mississippi é um dos mais pobres de todo o território estadounidense e o Centro Educacional da Comunidade possuía contratos de Serviços Humanos para que fossem gastos recursos no programa de Assistência Temporária para Famílias Necessitadas (em inglês, TANF).
"Eu gostaria de aplaudir o Sr. Favre por sua boa fé e esforço em fazer isso de forma correta e devolver o dinheiro aos contribuintes e todas as famílias da TANF", disse White em um pronunciamento. "Até o momento, não vimos nenhum indício de que o Sr. Favre sabia que o TANF era o programa que estava servindo como fonte do dinheiro que a ele estava sendo entregue."
A auditoria divulgada na segunda disse que o centro pagou a Favre Entreprises US$ 500 mil em Dezembro de 2017 e mais US$ 600 mil em Junho de 2018, e ele estava supostamente escalado para fazer discursos em pelo menos três eventos.
"Após uma rápida análise dessas datas, os auditores puderam confirmar que o contratado não falou nem estava presente nesses eventos," dizia o relatório de um dos auditores.
Favre, que mora em Mississippi, não enfrenta nenhum processo criminal. A auditoria colocou os pagamentos a ele como custos "questionáveis", que, segundo White, significa que "os auditores viram um claro gasto excessivo ou não conseguiram verificar que o dinheiro foi gasto de forma legal."
Em um post no Facebook, Favre disse que ele não sabia que os pagamentos que estava recebendo vinham destes fundos estatais e frisou que sua instituição de caridade doou milhões de dólares para crianças pobres tanto de estado onde mora quanto de Wisconsin, onde ele jogou no Green Bay Packers pela maior parte do tempo em sua carreira, tendo sido alçado ao posto de Hall da Fama da NFL tempos depois.
"Meu agente está sempre recebendo ofertas de diferentes produtores e marcas para que eu apareça de uma forma ou de outra. Esse pedido não foi diferente e eu fiz diversas propagandas para a Family First [organização localizada em Boston que ajuda na pais no que diz respeito a educação de seus filhos]," escreveu Favre.
"Eu nunca recebi dinheiro por obrigação que eu não cumpri. Para reiterar o que disse o auditor White, eu não estava ciente que o dinheiro investido vinha de fundos que não eram exatamente para aquele propósito. Por isso estou devolvendo toda a quantia para o estado de Mississippi."
"Eu passei toda a minha carreira ajudando crianças através da Favre 4 Hope [Instituição criada por ele e sua esposa para auxiliar crianças pobres e pacientes com câncer de mama] doando quase 10 milhões de dólares para crianças carentes em Mississippi e Wisconsin."
"Isso trouxe muitas alegrias para minha vida, e eu com certeza jamais faria algo que tirasse dessas crianças que eu lutei para ajudar! Eu amo Mississippi e eu nunca faria algo conscientemente que tirasse daqueles que mais precisam."
White disse que o dinheiro que está sendo devolvido por Favre será enviado para o Departamento de Serviços Humanos.
A auditoria identificou US$ 94 milhões em gastos questionáveis vindo da agência, incluindo pagamentos por atividades esportivas sem conexão clara à ajuda de pessoas necessitadas.
A auditoria foi divulgada meses depois um antigo diretor dos Serviços Humanos e outras cinco pessoas serem indiciadas pelo estado num esquema que desviou cerca de US$ 4 milhões no que White chamou de um dos maiores casos de corrupção do estado de Mississippi em décadas.
"Se há uma forma de ter gastos excessivos, parece que a liderança do Departamento de Serviços Humanos e seus doadores pensaram e tentaram colocá-la em prática," disse White.
John Davis foi diretor do Departamento de Serviços Humanos de Janeiro de 2016 até Julho de 2019, escolhido pelo então Governador Phil Bryant - um republicano que também havia indicado White para trabalhar quando um auditor anterior havia recusado o convite. Davis foi um dos indiciados; outra era Nancy New, que era diretora do Centro Educacional da Comunidade de Mississipi. Davis, New e os outros indiciados não se dizem culpados e aguardam julgamento.
O relatório da auditoria apontou que os líderes dos Serviços Humanos, em particular Davis, "participaram de uma conspiração generalizada para burlar controles internos, leis estaduais e federais" para favorecer financeiramente certas pessoas e grupos. Davis instruiu dois grupos que recebiam investimentos, o Centro Educacional da Comunidade de Mississippi e Centro de Recursos Familiares do Norte de Mississippi, a gastar dinheiro com certas pessoas ou grupos, disse o relatório.
White disse que grupos sem fins lucrativos receberam mais de US$ 98 milhões em incentivos vindos do Departamento de Serviços Humanos durante o período de três anos que se encerrou em 30 de junho. A maioria do dinheiro veio da TANF.
White disse que a auditoria vai ser enviada para o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, onde os responsáveis vão decidir se irão punir o estado por gastos excessivos, disse White.
(Foto: Reprodução Site Oficial/Green Bay Packers)
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